terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Grupo espalha notícia da volta de Jesus em maio de 2011

* * * Extraído do Portal Melodia * * *

Grupo espalha outdoors por cidades americanas datando a volta de Jesus para Maio de 2011. Dr. Thomas B. Slater, professor de Novo Testamento na Faculdade de Teologia da Universidade McAfee Mercer, disse que os cartazes afirmando que Jesus voltará em 21 de maio de 2011, estão inerentemente "equivocados." Como a maioria dos Cristãos, Slater acredita que, embora o retorno de Jesus seja ensinado na Bíblia, ninguém pode saber o dia nem hora para além de Deus.

"O fim dos tempos é algo que todos nós esperamos e esperamos e esperamos, mas a maioria dos Cristãos não estão no negócio de tentar prever essa data. Eles estão trabalhando para essa data," disse Slater ao The Christian Post. Os outdoors recentemente começaram a aparecer em Omaha, Detroit e Nashville. Um grupo da Carolina do Norte planeja 50 painéis planos para impactar o metrô de Atlanta esta semana e as campanhas em outras cidades em dezembro.

Os anúncios temáticos de Natal com imagens dos três reis magos e a estrela de Belém diz às pessoas que "Ele está voltando." Allison Warden, cuja família dirige o website WeCanKnow.com, aponta para 1 Tessalonicenses 5:4, onde ele afirma: "Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão" para justificar a sua campanha. Warden e sua família são seguidores de Harold Camping, conhecido por seus ensinamentos controversos em sua estação de Rádio da Família em todo o mundo, que patrocinou os outdoors, em Nashville. Camping, que ensina as pessoas a deixarem suas Igrejas antes da data final, diz que ele chegou ao 21 de maio de 2011, por meio de um cálculo matemático demonstrando naquele dia para ser exatamente 7000 anos desde o dilúvio de Noé. Tentar prever o fim do mundo não é apenas anti-bíblico, de acordo com Slater, mas anti-cristão. Ele observou que, ao tentar viver de acordo com o conhecimento, o ensino do grupo parece mais com o agnosticismo que o Cristianismo.

"Eu acho que as pessoas são sinceras, mas elas também estão cometendo um erro grave," disse ele. "Eles estão tentando substituir viver pela fé com a viver pelo conhecimento. Conhecimento, mas de quando o mundo acabar não pode substituir o poder de viver pela fé."

"Jesus disse a seus discípulos que eles não devem ficar preocupados com o fim do mundo, mas eles deveriam estar preocupados sobre como tornar o mundo um lugar melhor. Essas pessoas estão fazendo exatamente o oposto." Slater referiu Mateus 25 onde Jesus diz que os justos são aqueles que alimentam o olhar faminto, depois dos doentes, visitar os presos.

"Em cada oportunidade todos os Cristãos devem ajudar outras pessoas," disse o estudioso do Novo Testamento. "Nós não devemos deixar de ser salvos. Devemos ajudar as pessoas continuamente ao longo da vida, porque nós nos movemos em direção à santificação. Não significa que conseguimos chegar lá, mas estamos sempre lutando para chegar lá."

Se 21 de maio vai e vem, acrescentou Slater, os outdoors vão afastar mais pessoas do Cristianismo, se já não o fizeram. "Isso fará com que outras pessoas olham para eles e dizer:" Todos os Cristãos são tolos como eles," disse Slater. Na verdade, a data do "Fim" já veio e se foi. Em Setembro de 1994, Camping previu que o arrebatamento aconteceria. Mas depois ele disse que cometeu um erro matemático. Slater está preocupado que no dia seguinte, o grupo vai novamente dizer que calculou mal e marcar uma outra data. "Este é um fenômeno recorrente que aconteceu várias vezes quando há algum tipo de crise social, por exemplo, a nossa atual crise econômica."

"Nós vivemos em uma época onde cerca de 20 anos, tivemos uma economia movimentada e agora nós estamos lutando," comentou ele. "As pessoas estão buscando respostas em lugares diferentes e formas diferentes."

Mas 21 de maio é muito significativo em pelo menos um caminho, observou Slater.

"É a data de aniversário dos meus pais e aniversário da minha tia," disse ele. "Na minha família, ele tem muito poder."

Fonte: The Christian Post

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Maior estátua de Jesus Cristo do mundo é consagrada na Polônia


* * * PORTAL TERRA * * *

Fieis fizeram peregrinação pelo local onde fica o monumento
Foto: EFE


Milhares de fiéis participaram, neste domingo em Swiebodzin, da consagração da maior estátua de Jesus Cristo do mundo, um monumento que supera os 52 m de altura.


Os atos começaram com uma grande missa no santuário da Misericórdia Divina e continuaram com uma peregrinação pelo local onde fica o monumento, construído com doações privadas, em sua maioria dos 21 mil habitantes de Swiebodzin.


A figura mede 33 metros, que correspondem aos 33 anos que Cristo viveu. A eles se somam três metros da coroa, outro número simbólico, já que representam os anos que Jesus dedicou a pregar; e 16,5 m de pedestal, que serve de apoio para o monumento que tem 52,5 m.


A estátua - mais alta que o Cristo Redentor - ficou pronta no dia 6 de novembro. Sua envergadura e peso também são impressionantes: 25 m e 440 t, respectivamente. Os últimos elementos da estátua, a cabeça e os braços, foram instalados com ajuda de um enorme guindaste de 700 t, seguindo as instruções de seu desenhista, o sacerdote local Sylvester Zawadski.


Zawadski assegura que foi guiado pelo próprio Cristo em sua obra, cuja concepção começou em 2000 e teve um custo de mais de 1 milhão de euros. A imensa figura fica perto da rodovia que une Varsóvia a Berlim, o que permite aos motoristas enxergar o Cristo Rei a vários km de distância.


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Kaká e mulher rompem com a Igreja Renascer


* * * Fonte Folha.com * * *




Famoso pela devoção à Igreja Renascer em Cristo, do casal Sonia e Estevam Hernandes, o jogador Kaká e a sua mulher, Caroline Celico, romperam com a instituição. A história, que já havia sido antecipada no início de outubro pela coluna Zapping, do jornal Agora e publicada pela Folha.com, está na edição deste final de semana da revista "Veja" e foi confirmada neste sábado pela Folha.

Acompanhe a Folha no Twitter
Conheça a página da Folha no Facebook

De acordo com a "Veja", eles se afastaram no último mês de agosto. "O meu tempo na Igreja Renascer acabou. E o que posso afirmar é que hoje minha busca constante é somente por Deus", disse Carol à revista.

Sobre os motivos, ela preferiu não se pronunciar: "Não vou fazer nenhum comentário. Cada um tem o seu ponto de vista sobre inúmeros assuntos".

A própria igreja confirmou que, na quinta-feira, o jogador telefonou para Hernandes e comunicou que saía "por motivos pessoais", acrescenta a "Veja".

POLÊMICA

No dia 2 de dezembro do ano passado, a Justiça Federal em São Paulo condenou os fundadores da Renascer, Estevam e Sonia Hernandes, a quatro anos de reclusão pelo crime de evasão de divisas. A decisão foi do juiz Fausto De Sanctis, na 6ª Vara Criminal de São Paulo, que acatou parcialmente a denúncia do Ministério Público Federal.

Porém, por serem réus primários no Brasil, o juiz substituiu a pena privativa de liberdade por prestação de serviços a entidades filantrópicas.

A condenação se referiu ao fato de o casal ter saído do Brasil com destino aos Estados Unidos, em janeiro de 2007, com US$ 56,4 mil escondidos em uma bolsa, na capa de uma Bíblia, em um porta-CDs e em uma mala. Ao desembarcarem no aeroporto de Miami, Sonia e Estevam foram detidos e posteriormente condenados pela Justiça americana pelos crimes de contrabando de dinheiro e conspiração para contrabando de dinheiro.

Antes, em 18 de janeiro, o teto da antiga sede da igreja desabou, deixando sete mortos e mais de 100 feridos.

O lançamento da pedra fundamental do novo templo ocorreu em setembro de 2009, orçado em R$ 10 milhões, em São Paulo, exatamente com a presença do jogador Kaká. Ele ficou o tempo todo ao lado dos líderes Estevam e Sônia, com quem orou de mãos dadas.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Campanha de Serra faz ofertas a evangélicos

BRENO COSTA
DE SÃO PAULO

A campanha de José Serra (PSDB) está oferecendo benefícios a igrejas evangélicas e a entidades a elas ligadas em troca de apoio de pastores à candidatura tucana. O mesmo foi feito na campanha do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin.

O responsável pelo contato com os líderes é Alcides Cantóia Jr., pastor da Assembleia de Deus em São Paulo.

Ele responde pela "coordenadoria de evangélicos" da campanha, criada ainda no primeiro turno exclusivamente para angariar apoios entre evangélicos.

Tucanos admitem oferecer os benefícios a evangélicos
Acompanhe a Folha Poder no Twitter
Conheça nossa página no Facebook

"Disparo entre 150 e 200 telefonemas por dia, mais ou menos", diz Cantóia, que trabalha numa espécie de guichê montado no térreo do edifício Praça da Bandeira (antigo Joelma), quartel-general da campanha de Serra. No local, ele também recebe pastores para "um café".

Os telefonemas são feitos para pastores de várias denominações em todo o Estado de São Paulo, em busca de pedido de voto em Serra entre os fiéis de suas respectivas igrejas.

Segundo Cantóia, entre os argumentos para conquistar o engajamento dos evangélicos, além do discurso relativo a valores, como a posição contrária à descriminalização do aborto, está a promessa de apoio a parcerias entre essas igrejas e entidades assistenciais a elas vinculadas com prefeituras e governo, em caso de vitória tucana.

Como exemplo, cita a possibilidade de, com os tucanos no poder, igrejas poderem oferecer apoio a crianças e adolescentes, complementando o período que elas passam na escola. Assistência a idosos também é citada.

"O objetivo é levar as crianças para dentro da igreja", afirma o pastor. "Esse é um dos argumentos. Seriam igrejas em tempo integral, complementando a atividade da escola."

Cantóia afirma, também, tentar intermediar demandas recebidas de pastores junto a prefeituras. Por exemplo, pedidos para que entidades funcionem como creche ou que virem intermediárias do programa Viva Leite, do governo estadual.

Alcides diz ter sido um dos articuladores que levou os pastores Silas Malafaia, do Rio de Janeiro, e José Wellington Bezerra, de São Paulo, ambos da Assembleia de Deus, a gravarem depoimentos de apoio a Serra, exibidos em sua propaganda na TV.

O Conselho dos Pastores de São Paulo, que reúne representantes de diversas denominações protestantes, estima que cerca de 80 mil pastores em SP apoiem Serra.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Boa ação: A flor da honestidade

Certa vez um príncipe que queria se casar e então decidiu fazer uma disputa entre as moças da cidade para ver quem seria sua esposa. No dia seguinte, o príncipe anunciou que lançaria um desafio. Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os sobre os preparativos, ficou triste, pois sua filha amava em secreto o belo príncipe.

Ao chegar a casa e contar sobre o desafio a jovem disse que também disputaria casar com o príncipe. A senhora perguntou surpresa:

- Minha filha, o que você vai fazer lá ? As mais belas e ricas moças da cidade estarão disputando.

Mas a jovem não desistiu. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio:

- Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura princesa.

O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade na arte da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, para poder realizar o seu sonho de casar com o príncipe. Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tentava de tudo, usava de todos os métodos que conhecia, mas nada crescia. Dia após dia. Seis meses se passaram e nada havia brotado. Consciente do seu esforço e dedicação a moça comunicou a sua mãe que, independente da semente não ter brotado, ela voltaria ao palácio, na data e hora combinadas, para ao menos ficar ao lado do príncipe. Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, e as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores.

Finalmente o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção. Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela e humilde jovem, que estava com o vaso vazio, como sua futura esposa. As pessoas presentes ficaram surpresas e revoltadas. Ninguém entendeu porque ele escolheu justamente a moça que não tinha cultivado nada. Então, calmamente o príncipe esclareceu:

- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma princesa. A flor da honestidade. Pois todas as sementes que entreguei estavam estragadas, jamais poderiam brotar.

Se para vencer, estiver em jogo a sua honestidade, perca. Você será sempre um vencedor.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Protesto diante de igreja reúne strippers que acusam pastor de filmar carros de clientes nos EUA

Um grupo de mulheres que trabalha em um clube de strippers em Warsaw, no Estado de Ohio, nos Estados Unidos, decidiu acampar de biquíni à porta da igreja local como forma de protesto. A previsão das dançarinas é que a manifestação dure três meses.

O dono da boate, Tommy George, o organizador da manifestação pacífica, acusa o pastor da igreja de ir ao estacionamento do clube filmar as placas dos veículos dos que frequentam o local para divulgá-las na internet. A distância entre o clube e a capela da congregação é de nove quilômetros.

Depois de perder o processo por violação de direitos constitucionais, o dono do clube resolveu usar métodos parecidos aos da igreja e lembrar, a quem frequenta a capela, que as dançarinas o fazem de forma honesta, para manterem as suas casas e educarem os filhos.

O pastor da igreja, Bill Dunfee, acredita que um poder superior o escolheu para acabar com o clube de striptease. "Como uma comunidade cristã, não podemos compartilhar território com o diabo", disse Dunfee. "Luz e trevas não podem existir juntos, o clube deve ir embora".

Para a dançarina Laura Meske, conhecida como Lola, 42, todas as pessoas pecam. "Isso não significa que eu não vou entrar no céu", disse Meske. "Eu acredito em Jesus. Eu não acredito que eles pregam. Eles pregam o ódio. "

Debi Durr, que freqüenta a igreja, discorda. "Você não frequenta um local por quatro anos para o ódio. Isso não é ódio. Isso é amor", disse.

O pastor se ofereceu para ajudar a pagar a alimentação, aluguel e demais necessidades das dançarinas caso elas aceitassem em deixar o trabalho na boate. Mas todas as dançarinas negaram afirmando que o trabalho no clube é apenas temporário.

*Com agências internacionais

'Tive medo de ser torturado', diz brasileiro detido no Cairo


Guia turístico comia uma vez por dia.
Material religioso que brasileiro portava estava em árabe.

Ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em Cumbica, na região metropolitana de São Paulo, na madrugada desta sexta-feira (27), o guia turístico brasileiro detido no Cairo, capital do Egito, disse que teve medo de ser torturado. Ele foi deportado para o Brasil na quinta-feira (26). Dagnaldo Pinheiro Gomes foi detido depois de ser acusado de promover atividades religiosas.

"Tive medo de sair dali e ir para um lugar de tortura. Estava com prisioneiros que já tinham sido torturados. Eles sempre falavam: você pode ser torturado se a sua embaixada não lhe encontrar rápido", afirmou Dagnaldo.

Ele disse que comia uma vez por dia, mas negou ter sido vítima de maus tratos. "Tinha direito a um pouco de comida uma vez por dia. Às vezes pedia água e eles não me davam, mas isso eu até entendo porque esse é o mês de jejum deles", declarou referindo-se ao Ramadã.

Dagnaldo afirmou ainda que o material religioso que foi encontrado no seu carro estava em árabe. Porém, ele negou que fazia promoção de sua religião, o que é proibido no Egito. "No meu carro tinha um material cristão. Essa foi a acusação [para me prender]. É um material que qualquer cristão pode ter", disse o guia, que morou por mais de sete anos no país. Ele foi informado por autoridades locais de que ele não pode voltar ao Egito.

Na terça-feira (24), o Itamaraty informou que o brasileiro havia sido detido com outras duas brasileiras, que já foram liberadas.

saiba mais

A namorada de Dagnaldo, que vive no Maranhão, disse ao Jornal Hoje que ele ia visitar as pirâmides e foi detido por policiais que encontraram as bíblias e folhetos evangélicos no carro em que ele viajava.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Brasileiro detido no Egito vai ser deportado, diz Itamaraty

Informação foi dada pelo governo egípcio à embaixada brasileira no Cairo.
Detenção teria ocorrido por suposta promoção de atividade religiosa.

Do G1, em Brasília

O Itamaraty informou nesta quarta-feira (25) que o guia turístico brasileiro detido no Cairo, capital do Egito, sob a acusação de supostamente promover atividades religiosas, vai ser deportado para o Brasil. A informação foi dada pelas autoridades egípcias à embaixada brasileira no Cairo.

Segundo o Itamaraty, no entanto, o governo brasileiro ainda não foi informado sobre quando a deportação deve ocorrer. Oficiais da embaixada brasileira no Egito visitaram o brasileiro e disseram que ele estava bem de saúde.

Nesta terça-feira (24), o Itamaraty informou que o brasileiro foi detido com outras duas brasileiras, que foram liberadas.

A namorada do brasileiro, que vive no Maranhão, disse ao Jornal Hoje (veja reportagem no vídeo acima) que ele ia visitar as pirâmides e foi detido por policiais que encontraram as bíblias e folhetos evangélicos no carro em que ele viajava.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A nova reforma Protestante

* * *Fonte Revista Época * * *

Inspirado no cristianismo primitivo e conectado à internet, um grupo crescente de religiosos critica a corrupção neopentecostal e tenta recriar o protestantismo à brasileira

Ricardo Alexandre

Irani Rosique não é apóstolo, bispo, presbítero nem pastor. É apenas um cirurgião geral de 49 anos em Ariquemes, cidade de 80 mil habitantes do interior de Rondônia. No alpendre da casa de uma amiga professora, ele se prepara para falar. Cercado por conhecidos, vizinhos e parentes da anfitriã, por 15 minutos Rosique conversa sobre o salmo primeiro ("Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios"). Depois, o grupo de umas 15 pessoas ora pela última vez – como já havia orado e cantado por cerca de meia hora antes – e então parte para o tradicional chá com bolachas, regado a conversa animada e íntima.

Desde que se converteu ao cristianismo evangélico, durante uma aula de inglês em Goiânia em 1969, Rosique pratica sua fé assim, em pequenos grupos de oração, comunhão e estudo da Bíblia. Com o passar do tempo, esses grupos cresceram e se multiplicaram. Hoje, são 262 espalhados por Ariquemes, reunindo cerca de 2.500 pessoas, organizadas por 11 "supervisores", Rosique entre eles. São professores, médicos, enfermeiros, pecuaristas, nutricionistas, com uma única característica comum: são crentes mais experientes.

Apesar de jamais ter participado de uma igreja nos moldes tradicionais, Rosique é hoje uma referência entre líderes religiosos de todo o Brasil, mesmo os mais tradicionais. Recebe convites para falar sobre sua visão descomplicada de comunidade cristã, vindos de igrejas que há 20 anos não lhe responderiam um telefonema. Ele pode ser visto como um "símbolo" do período de transição que a igreja evangélica brasileira atravessa. Um tempo em que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob profundo processo de revisão, apontando para uma relação com o Divino muito diferente daquela divulgada nos horários pagos da TV.

Estima-se que haja cerca de 46 milhões de evangélicos no Brasil. Seu crescimento foi seis vezes maior do que a população total desde 1960, quando havia menos de 3 milhões de fiéis espalhados principalmente entre as igrejas conhecidas como históricas (batistas, luteranos, presbiterianos e metodistas). Na década de 1960, a hegemonia passou para as mãos dos pentecostais, que davam ênfase em curas e milagres nos cultos de igrejas como Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e O Brasil Para Cristo. A grande explosão numérica evangélica deu-se na década de 1980, com o surgimento das denominações neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Renascer. Elas tiraram do pentecostalismo a rigidez de costumes e a ele adicionaram a "teologia da prosperidade" (leia o quadro na última pág.). Há quem aposte que até 2020 metade dos brasileiros professará à fé evangélica.

Dentro do próprio meio, levantam-se vozes críticas a esse crescimento. Segundo elas, esse modelo de igreja, que prospera em meio a acusações de evasão de divisas, tráfico de armas e formação de quadrilha, tem sido mais influenciado pela sociedade de consumo que pelos ensinamentos da Bíblia. "O movimento evangélico está visceralmente em colapso", afirma o pastor Ricardo Gondim, da igreja Betesda, autor de livros como Eu creio, mas tenho dúvidas: a graça de Deus e nossas frágeis certezas (Editora Ultimato). "Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Ainda não temos as respostas, mas as inquietações estão postas, talvez para ser respondidas somente no futuro."

SÍMBOLO
O cirurgião Irani Rosique (sentado, de camisa branca, com a Bíblia aberta no colo). Sem cargo de clérigo, ele mobiliza 2.500 pessoas no interior de Rondônia

Nos Estados Unidos, a reinvenção da igreja evangélica está em curso há tempos. A igreja Willow Creek de Chicago trabalhava sob o mote de ser "uma igreja para quem não gosta de igreja" desde o início dos anos 1970. Em São Paulo, 20 anos depois, o pastor Ed René Kivitz adotou o lema para sua Igreja Batista, no bairro da Água Branca – e a ele adicionou o complemento "e uma igreja para pessoas de quem a igreja não costuma gostar". Kivitz é atualmente um dos mais discutidos pensadores do movimento protestante no Brasil e um dos principais críticos da"religiosidade institucionalizada". Durante seu pronunciamento num evento para líderes religiosos no final de 2009, Kivitz afirmou: "Esta igreja que está na mídia está morrendo pela boca, então que morra. Meu compromisso é com a multidão agonizante, e não com esta igreja evangélica brasileira."

Essa espécie de "nova reforma protestante" não é um movimento coordenado ou orquestrado por alguma liderança central. Ela é resultado de manifestações espontâneas, que mantêm a diversidade entre as várias diferenças teológicas, culturais e denominacionais de seus ideólogos. Mas alguns pontos são comuns. O maior deles é a busca pelo papel reservado à religião cristã no mundo atual. Um desafio não muito diferente do que se impõe a bancos, escolas, sistemas políticos e todas as instituições que vieram da modernidade com a credibilidade arranhada. "As instituições estão todas sub judice", diz o teólogo Ricardo Quadros Gouveia, professor da Universidade Mackenzie de São Paulo e pastor da Igreja Presbiteriana do Bairro do Limão. "Ninguém tem dúvida de que espiritualidade é uma coisa boa ou que educação é uma coisa boa, mas as instituições que as representam estão sob suspeita."

Uma das saídas propostas por esses pensadores é despir tanto quanto possível os ensinamentos cristãos de todo aparato institucional. Segundo eles, a igreja protestante (ao menos sua face mais espalhafatosa e conhecida) chegou ao novo milênio tão encharcada de dogmas, tradicionalismos, corrupção e misticismo quanto a Igreja Católica que Martinho Lutero tentou reformar no século XVI. "Acabamos nos perdendo no linguajar 'evangeliquês', no moralismo, no formalismo, e deixamos de oferecer respostas para nossa sociedade", afirma o pastor Miguel Uchôa, da Paróquia Anglicana Espírito Santo, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife. "É difícil para qualquer pessoa esclarecida conviver com tanto formalismo e tão pouco conteúdo."


"É lisonjeador saber que nos consideram 'pensadores'. Mas o grande problema dos evangélicos brasileiros não é de inteligência. É de ética e honestidade"
RICARDO AGRESTE, pastor da Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera, em Campinas, São Paulo

Uchôa lidera a maior comunidade anglicana da América Latina. Seu trabalho é reconhecido por toda a cúpula da denominação como um dos mais dinâmicos do país. Ele é um dos grandes entusiastas do movimento inglês Fresh Expressions, cujo mote é "uma igreja mutante para um mundo mutante". Seu trabalho é orientar grupos cristãos que se reúnem em cafés, museus, praias ou pistas de skate. De maneira genérica, esses grupos são chamados de "igreja emergente" desde o final da década de 1990. "O importante não é a forma", afirma Uchôa. "É buscar a essência da espiritualidade cristã, que acabou diluída ao longo dos anos, porque as formas e hierarquias passaram a ser usadas para manipular pessoas. É contra isso que estamos nos levantando."

No meio dessa busca pela essência da fé cristã, muitas das práticas e discursos que eram característica dos evangélicos começaram a ser considerados dispensáveis. Às vezes, até condenáveis (leia o quadro na última pág.). Em Campinas, no interior de São Paulo, ocorre uma das experiências mais interessantes de recriação de estruturas entre as denominações históricas. A Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera não tem um templo. Seus frequentadores se reúnem em dois salões anexos a grandes condomínios da cidade e em casas ao longo da semana. Aboliram a entrega de dízimos e as ofertas da liturgia. Os interessados em contribuir devem procurar a secretaria e fazê-lo por depósito bancário – e esperar em casa um relatório de gastos. Os sermões são chamados, apropriadamente, de "palestras" e são ministrados com recursos multimídias por um palestrante sentado em um banquinho atrás de um MacBook. A meditação bíblica dominical é comumente ilustrada por uma crônica de Luis Fernando Verissimo ou uma música de Chico Buarque de Hollanda.

1. Em Ariquemes, cidade de 80 mil habitantes do interior de Rondônia, o cirurgião geral Irani Rosique (de camisa branca) mobiliza cerca 2.500 pessoas, em pequenos grupos de oração, comunhão e estudo da Bíblia, como esse fotografado. Ele pode ser visto como um "símbolo" da transição que a igreja evangélica brasileira atravessa. (Foto: Alemida Dias/ÉPOCA)

"As pessoas não querem mais dogmas, elas querem autenticidade. Minha postura é, juntos, buscarmos algumas respostas satisfatórias a nossas inquietações"
ED RENÉ KIVITZ, pastor da Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo

"Os seminários teológicos formam ministros para um Brasil rural em que os trabalhos são de carteira assinada, as famílias são papai, mamãe, filhinhos e os pastores são pessoas respeitadas", diz Ricardo Agreste, pastor da Comunidade e autor dos livros Igreja? Tô fora e A jornada (ambos lançados pela Editora Socep). "O risco disso é passar a vida oferecendo respostas a perguntas que ninguém mais nos faz. Há muita gente séria, claro, dizendo verdades bíblicas, mas presas a um formato ultrapassado."

Outro ponto em comum entre esses questionadores é o rompimento declarado com a face mais visível dos protestantes brasileiros: os neopentecostais. "É lisonjeador saber que atraímos gente com formação universitária e que nos consideram 'pensadores'", afirma Ricardo Agreste. "O grande problema dos evangélicos brasileiros não é de inteligência, é de ética e honestidade." Segundo ele, a velha discussão doutrinária foi substituída por outra. "Não é mais uma questão de pensar de formas diferentes a espiritualidade cristã", diz. "Trata-se de entender que há gente usando vocabulário e elementos de prática cristã para ganhar dinheiro e manipular pessoas."

Esse rompimento da cordialidade entre os evangélicos históricos e os neopentecostais veio a público na forma de livros e artigos. A jornalista (evangélica) Marília Camargo César publicou no final de 2008 o livro Feridos em nome de Deus (Editora Mundo Cristão), sobre fiéis decepcionados com a religião por causa de abusos de pastores. O teólogo Augustus Nicodemus Lopes, chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, publicou O que estão fazendo com a Igreja: ascensão e queda do movimento evangélico brasileiro (Mundo Cristão), retrato desolador de uma geração cindida entre o liberalismo teológico, os truques de marketing, o culto à personalidade e o esquerdismo político. Em um recente artigo, o presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas, João Flavio Martinez, definiu como "macumba para evangélico" as práticas místicas da Igreja Universal do Reino de Deus, como banho de descarrego e sabonete com extrato de arruda.

Tais críticas, até pouco tempo atrás, ficavam restritas aos bastidores teológicos e às discussões internas nas igrejas. Livros mais antigos – como Supercrentes, Evangélicos em crise, Como ser cristão sem ser religioso e O evangelho maltrapilho (todos da editora Mundo Cristão) – eram experiências isoladas, às vezes recebidos pelos fiéis como desagregadores. "Parece que a sociedade se fartou de tanto escândalo e passou a dar ouvidos a quem já levantava essas questões há tempos", diz Mark Carpenter, diretor-geral da Mundo Cristão.

O pastor Kivitz – que publicou pela Mundo Cristão seus livros Outra espiritualidade e O livro mais mal-humorado da Bíblia – distingue essa crítica interna daquela feita pela mídia tradicional aos neopentecostais "A mídia trata os evangélicos como um fenômeno social e cultural. Para fazer uma crítica assim, basta ter um pouco de bom-senso. Essa crítica o (programa) CQC já faz, porque essa igreja é mesmo um escracho", diz ele. "Eu faço uma crítica diferente, visceral, passional, porque eu sou evangélico. E não sou isso que está na televisão, nas páginas policiais dos jornais. A gente fica sem dormir, a gente sofre e chora esse fenômeno religioso que pretende ser rotulado de cristianismo."

A necessidade de se distinguir dos neopentecostais também levou essas igrejas a reconsiderar uma série de práticas e até seu vocabulário. Pastores e "leigos" passam a ocupar o mesmo nível hierárquico, e não há espaço para "ungidos" em especial. Grandes e imponentes catedrais e "cultos shows" dão lugar a reuniões informais, em pequenos grupos, nas casas, onde os líderes podem ser questionados, e as relações são mais próximas. O vocabulário herdado da teologia triunfalista do Antigo Testamento (vitória, vingança, peleja, guerra, maldição) é reconsiderado. Para superar o desgaste dos termos, algumas igrejas preferem ser chamadas de "comunidades", os cultos são anunciados como "reuniões" ou "celebrações" e até a palavra "evangélico" tem sido preterida em favor de "cristão" – o termo mais radical. Nem todo mundo concorda, evidentemente. "Eles (os neopentecostais) é que não deveriam ser chamados de evangélicos", afirma o bispo anglicano Robinson Cavalcanti, da Diocese do Recife. "Eles é que não têm laços históricos, teológicos ou éticos com os evangélicos."

Um dos maiores estudiosos do fenômeno evangélico no Brasil, o sociólogo Ricardo Mariano (PUC-RS), vê como natural o embate entre neopentecostais e as lideranças de igrejas históricas. Ele lembra que, desde o final da década de 1980, quando o neopentecostalismo ganhou força no Brasil, os líderes das igrejas históricas se levantaram para desqualificar o movimento. "O problema é que não há nenhum órgão que regule ou fale em nome de todos os evangélicos, então ninguém tem autoridade para dizer o que é uma legítima igreja evangélica", afirma.

"O que importa é buscar a essência do cristianismo, que acabou diluída porque as formas e hierarquias passaram a ser usadas para manipular pessoas"
MIGUEL UCHÔA, pastor anglicano (à esquerda na foto, ao lado do bispo Robinson Cavalcanti, da Diocese do Recife)

Procurado por ÉPOCA, Geraldo Tenuta, o Bispo Gê, presidente nacional da Igreja Renascer em Cristo, preferiu não entrar em discussões. "Jesus nos ensinou a não irmos contra aqueles que pregam o evangelho, a despeito de suas atitudes", diz ele. "Desde o início, éramos acusados disto ou daquilo, primeiro porque admitíamos rock no altar, depois porque não tínhamos usos e costumes. Isso não nos preocupa. O que não é de Deus vai desaparecer, e não será por obra dos julgamentos." A Igreja Universal do Reino de Deus – que, na terceira semana de julho, anunciou a construção de uma "réplica do Templo de Salomão" em São Paulo, com "pedras trazidas de Israel" e "maior do que a Catedral da Sé" – também foi procurada por ÉPOCA para comentar os movimentos emergentes e as críticas dirigidas à igreja. Por meio de sua assessoria, o bispo Edir Macedo enviou um e-mail com as palavras: "Sem resposta".

O sociólogo Ricardo Mariano, autor do livro Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil (Editora Loyola), oferece uma explicação pragmática para a ruptura proposta pelo novo discurso evangélico. Ateu, ele afirma que o objetivo é a busca por uma certa elite intelectual, um público mais bem informado, universitário, mais culto que os telespectadores que enchem as igrejas populares. "Vivemos uma época em que o paciente pesquisa na internet antes de ir ao consultório e é capaz de discutir com o médico, questionar o professor", diz. "Num ambiente assim, não tem como o pastor proibir nada. Ele joga para a consciência do fiel."

A maior parte da movimentação crítica no meio evangélico acontece nas grandes cidades. O próprio pastor Kivitz afirma que "talvez não agisse da mesma forma se estivesse servindo alguma comunidade em um rincão do interior" e que o diálogo livre entre púlpito e auditório passa, necessariamente, por uma identificação cultural. "As pessoas não querem dogmas, elas querem honestidade", diz ele. "As dúvidas delas são as minhas dúvidas. Minha postura é, juntos, buscarmos respostas satisfatórias a nossas inquietações."

Por isso mesmo, Ricardo Mariano não vê comparação entre o apelo das novas igrejas protestantes e das neopentecostais. "O destino desses líderes será 'pescar no aquário', atraindo insatisfeitos vindos de outras igrejas, ou continuar falando para meia dúzia de pessoas", diz ele. De acordo com o presbiteriano Ricardo Gouveia, "não há, ou não deveria haver, preocupação mercadológica" entre as igrejas históricas. "Não se trata de um produto a oferecer, que precise ocupar espaço no mercado", diz ele. "Nossa preocupação é simplesmente anunciar o evangelho, e não tentar 'melhorá-lo' ou torná-lo mais interessante ou vendável."

O advento da internet foi fundamental para pastores, seminaristas, músicos, líderes religiosos e leigos decidirem criar seus próprios sites, portais, comunidades e blogs. Um vídeo transmitido pela Igreja Universal em Portugal divulgando o Contrato da fé – um "documento", "autenticado" pelos pastores, prometendo ao fiel a possibilidade de se "associar com Deus e ter de Deus os benefícios" – propagou-se pela rede, angariando toda sorte de comentários. Outro vídeo, em que o pregador americano Moris Cerullo, no programa do pastor Silas Malafaia, prometia uma "unção financeira dos últimos dias" em troca de quem "semear" um "compromisso" de R$ 900 também bombou na rede. Uma cópia da sentença do juiz federal Fausto De Sanctis (leia a entrevista com ele) condenando os líderes da Renascer Estevam e Sônia Hernandes por evasão de divisas circulou no final de 2009. De Sanctis afirmava que o casal "não se lastreia na preservação de valores de ética ou correção, apesar de professarem o evangelho". "Vergonha alheia em doses quase insuportáveis" foi o comentário mais ameno entre os internautas.

Sites como Pavablog, Veshame Gospel, Irmãos.com, Púlpito Cristão, Caiofabio.net ou Cristianismo Criativo fazem circular vídeos, palestras e sermões e debatem doutrinas e notícias com alto nível de ousadia e autocrítica. De um grupo de blogueiros paulistanos, surgiu a ideia da Marcha pela ética, um protesto que ocorre há dois anos dentro da Marcha para Jesus (evento organizado pela Renascer). Vestidos de preto, jovens carregam faixas com textos bíblicos e frases como "O $how tem que parar" e "Jesus não está aqui, ele está nas favelas".

"O homem sem Deus joga papel no chão? O cristão não deve jogar. É a proposta de Jesus, materializar o amor ao próximo no dia a dia"
VALTER RAVARA, "ecocapelão", criador do Instituto Gênesis 1.28 e da Bíblia verde

A maior parte desses blogueiros trafega entre assuntos tão diversos como teologia, política, televisão, cinema e música popular. O trânsito entre o "secular" e o "sagrado" é uma das características mais fortes desses novos evangélicos. "A espiritualidade cristã sempre teve a missão de resgatar a pessoa e fazê-la interagir e transformar a sociedade", diz Ricardo Agreste. "Rompemos o ostracismo da igreja histórica tradicional, entramos em diálogo com a cultura e com os ícones e pensamento dessa cultura e estamos refletindo sobre tudo isso."

Em São Paulo, o capelão Valter Ravara criou o Instituto Gênesis 1.28, uma organização que ministra cursos de conscientização ambiental em igrejas, escolas e centros comunitários. "É a proposta de Jesus, materializar o amor ao próximo no dia a dia", afirma Ravara. "O homem sem Deus joga papel no chão? O cristão não deve jogar." Ravara publicou em 2008 a Bíblia verde, com laminação biodegradável, papel de reflorestamento e encarte com textos sobre sustentabilidade.

A então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, escreveu o prefácio da Bíblia verde. Sua candidatura à Presidência da República angariou simpatia de blogueiros e tuiteiros, mas não o apoio formal da Assembleia de Deus, denominação a que ela pertence. A separação entre política e religião pregada por Marina é vista como um marco da nova inserção social evangélica. O vereador paulistano e evangélico Carlos Bezerra Jr. afirma que o dever do político cristão é "expressar o Reino de Deus" dentro da política. "É o oposto do que fazem as bancadas evangélicas no Congresso, que existem para conseguir facilidades para sua denominação e sustentar impérios eclesiásticos", diz ele.

DA WEB ÀS RUAS
Blogueiros que organizam a Marcha pela ética, um movimento de protesto incrustado dentro da Marcha para Jesus, promovida pela Renascer

O raciocínio antissectário se espalhou para a música. Nomes como Palavrantiga, Crombie, Tanlan, Eduardo Mano, Helvio Sodré e Lucas Souza se definem apenas como "música feita por cristãos", não mais como "gospel". Eles rompem os limites entre os mercados evangélico e pop. O antissectarismo torna os evangélicos mais sensíveis a ações sociais, das parcerias com ONGs até uma comunidade funcionando em plena Cracolândia, no centro de São Paulo. "No fundo, nossa proposta é a mesma dos reformadores", diz o presbiteriano Ricardo Gouveia. "É perceber o cristianismo como algo feito para viver na vida cotidiana, no nosso trabalho, na nossa cidadania, no nosso comportamento ético, e não dentro das quatro paredes de um templo."

A teologia chama de "cristocêntrico" o movimento empreendido por esses crentes que tentam tirar o cristianismo das mãos da estrutura da igreja – visão conhecida como "eclesiocêntrica" – e devolvê-lo para a imaterialidade das coisas do espírito. É uma versão brasileiramente mais modesta do que a Igreja Católica viveu nos tempos da Reforma Protestante. Desta vez, porém, dirigida para a própria igreja protestante. Depois de tantos desvios, vozes internas levantaram-se para propor uma nova forma de enxergar o mundo. E, como efeito, de ser enxergadas por ele. Nas palavras do pastor Kivitz: "Marx e Freud nos convenceram de que, se alguém tem fé, só pode ser um estúpido infantil que espera que um Papai do Céu possa lhe suprir as carências. Mas hoje gostaríamos de dizer que o cristianismo tem, sim, espaço para contribuir com a construção de uma alternativa para a civilização que está aí. Uma sociedade que todo mundo espera, não apenas aqueles que buscam uma experiência religiosa".